Wagner Rodolfo da Silva tinha 35 anos quando foi sequestrado da casa paroquial e decapitado, em setembro de 2003. Túmulo do sacerdote, em São José dos Campos, recebeu dezenas de placas de agradecimento por graças alcançadas. Padre Wagner São José dos Campos
Reprodução/TV Vanguarda
Encontrado morto em uma estrada em Santa Isabel, no interior de São Paulo, em 25 de setembro de 2003, padre Wagner Rodolfo da Silva virou símbolo de devoção para milhares de fiéis que o consideram um ‘santo popular’.
Em São José dos Campos (SP), cidade onde Padre Wagner era pároco da Igreja no bairro Alto da Ponte, os fiéis compartilham testemunhos de fé e atribuem a intercessão do religioso para graças alcançadas, como uma gestação improvável, cura de doenças e conquista de empregos.
“Ele foi cativando as pessoas e elas foram o colocando na vida delas. Ele gostava de ouvir, tinha muita paciência, me falava de tantas pessoas que atendia. Isso era de uma grandiosidade para ele”, afirma Lucila Sonoda, irmã de padre Wagner.
Apesar da manifestação popular, não há um processo de canonização ou reconhecimento oficial da Igreja Católica sobre a santidade de Padre Wagner – veja mais abaixo.
Entenda o processo de canonização de um santo na Igreja Católica
Padre Wagner torcia para o São Paulo e gostava de pescar
Arquivo pessoal
Quem foi Padre Wagner
O sacerdote, morto aos 35 anos, era pároco da igreja de São Benedito, no bairro Alto da Ponte, na Zona Norte de São José dos Campos (SP).
Tinha vida simples. Gostava de passear com a família e era um apreciador de música sertaneja e pescaria. Também gostava de futebol e era torcedor do São Paulo.
Padre Wagner gostava de cantar nas festas da igreja em que era pároco
Arquivo pessoal
Filho de um sacristão, morou no fundo da paróquia com os pais e os irmãos. Foi coroinha aos sete anos e desde pequeno fazia trabalhos de caridade. Em casa, gostava de brincar de celebrar missas usando lençol para simular as vestes litúrgicas.
Na juventude, se dedicou à sua formação religiosa e se ordenou padre em 28 de fevereiro de 1998. A igreja onde era pároco era a mesma em que frequentava desde a infância.
Padre Wagner era pároco da Paróquia de São Benedito, de São José dos Campos, em 2003
Arquivo pessoal
Crime e comoção
Após quatro anos à frente da Igreja de São Benedito, padre Wagner foi surpreendido por assaltantes enquanto dormia na casa paroquial, na noite de 23 de setembro de 2003.
O sacerdote foi sequestrado e morto pela quadrilha, que havia rendido o vigário da mesma igreja. Seu corpo foi encontrado com a cabeça decapitada dois dias depois, em uma estrada em Santa Isabel, a 40 quilômetros de São José. O outro religioso foi esfaqueado, mas sobreviveu.
Sepultamento de padre Wagner reuniu uma multidão de fiéis em São José dos Campos
Reprodução/ TV Vanguarda
O velório de padre Wagner reuniu uma multidão de fiéis da cidade e da região. Pessoas esperaram mais de duas horas na fila para darem o último adeus ao padre.
O cortejo seguiu pelas ruas do município até o caixão ser sepultado no Cemitério Padre Rodolfo Komorek, em um espaço da Diocese de São José dos Campos, destinado a religiosos.
Veja reportagem da TV Vanguarda sobre o velório e enterro de padre Wagner em setembro de 2003:
Padre Wagner: relembre assassinato de sacerdote em São José dos Campos, há 20 anos
Túmulo de padre Wagner, em São José dos Campos
João Delfino/ g1
Santidade popular
Após a morte, o nome de padre Wagner continuou nas orações dos católicos joseenses. Por sua relação que tinha com o povo e pela morte trágica, as pessoas começaram a fazer preces ao sacerdote e logo as graças alcançadas começaram a se espalhar entre as pessoas.
“As pessoas pedem muitas graças para ele, por conta de terem sido muito íntimas dele. Ainda em vida, ele ia fazer visita e as pessoas se sentiam realizadas com isso. Isso faz com que as pessoas acreditem. Depois da morte as coisas ficaram mais intensas”, contou a irmã.
“Ainda sonho em ver um processo de canonização dele. Queremos ver isso acontecer. Não tenho dúvidas que ele intercede”, disse Lucila.
Fiél em túmulo de Padre Wagner dez anos após sua morte, São José dos Campos
Renato Celestrino/G1
Ao longo dos anos, dezenas de placas foram coladas no túmulo do padre com agradecimentos por graças alcançadas.
Apesar disso, elas foram removidas após a pandemia em uma reforma por determinação da Mitra, de que não sejam mais fixadas homenagens no jazigo.
O que diz a Diocese de São José dos Campos
Em nota, a Diocese de São José admitiu existirem relatos de pessoas que pedem sua intercessão e alcançam graças, mas que não possuem registros oficiais, nem comprovação da autenticidade dessas graças e nenhum processo aberto visando sua canonização no futuro.
*João Delfino colaborou sob supervisão de Carlos Santos
Missa que recordou os 19 anos da morte de padre Wagner, em 2022
Leandro Silvério
Túmulo de padre Wagner no Cemitério Municipal Rodolfo Komorek, após reforma
João Delfino/ g1
Missa de corpo presente de padre Wagner, em setembro de 2003, na Paróquia de São Benedito
Arquivo/ TV Vanguarda
Multidão acompanhou o sepultamento de padre Wagner, em 2003
Arquivo/ TV Vanguarda
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