Ministério Público diz que é cedo para Gil Rugai deixar prisão e se manifesta contra pedido por regime aberto


Ex-seminarista condenado pela morte do pai e da madrasta fez pedido de progressão para o regime aberto em julho. Imagem de arquivo – Ex-seminarista Gil Grego Rugai, condenado pelo assassinato do pai e da madrasta
Leonardo Benassatto/Futura Press/Estadão Conteúdo
O Ministério Público considera que ainda é prematuro para que Gil Grego Rugai, condenado pela morte do pai e da madrasta, deixe a prisão e se manifestou contra o pedido do detento para progredir ao regime aberto.
O ex-seminarista Gil Rugai cumpre pena na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, a P2 de Tremembé, no interior de São Paulo. O fim da pena está previsto para 2044.
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A manifestação do MP contra o regime aberto a Rugai acontece após a realização de uma avaliação sobre periculosidade do ex-seminarista, que atualmente tem 40 anos. A avaliação foi determinada pela juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, em processo que analisa o pedido de progressão ao regime aberto.
Apesar da avaliação feita pela Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) apontar que Gil Rugai respondeu bem aos critérios avaliados e tem ‘ótima conduta carcerária’, o Ministério Público é contra a progressão de regime e pediu à Justiça que negue o pedido de Rugai.
O promotor Eduardo Dias Brandão avalia que “o retorno à liberdade mostra-se prematuro, ressaltando-se, como exposto, que a gravidade dos crimes cometidos evidencia personalidade inclinada à criminalidade e notório envolvimento com o submundo do crime”.
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Ainda segundo o MP, a sociedade não pode ser obrigada a aceitar conviver com uma pessoa que ainda não comprovou “exaustivamente reunir condições para experimentar situação processual mais branda”.
O g1 entrou em contato com a defesa de Gil Rugai e aguarda retorno.
Imagem de arquivo – Gil Rugai também pede para cumprir restante da pena fora da prisão
Reprodução/TV Globo
Pedido de progressão
A defesa de Gil Rugai pediu à Justiça, em julho, que o ex-seminarista cumpra o restante da pena em regime aberto.
No documento, a defesa alega que Gil “sempre ostentou um ótimo comportamento carcerário, estando em atividades laborterápicas e dedicando-se aos estudos e projetos sociais direcionados à população carcerária”.
No dia 14 de agosto, o Ministério Público se manifestou a respeito do pedido feito pela defesa, alegando que, devido à gravidade do crime cometido por Gil Rugai, era necessário ter cautela para conceder a progressão, solicitando realização de exame criminológico.
“Pese o atestado de boa conduta carcerária, força convir que este não se mostra suficiente para comprovar que o sentenciado em questão está apto a progredir a um regime prisional menos rigoroso, voltando ao convívio social e à companhia dos integrantes da sociedade ordeira que outrora ofendeu”, disse o MP.
Depois disso, a defesa fez uma nova petição à Justiça, rebatendo a manifestação do Ministério Público, dizendo que o pedido de exame criminológico “deve ser fundamentado com base no histórico carcerário do reeducando”, que, segundo a defesa, “fora totalmente ignorado”.
Gil Rugai está frequentando aulas em faculdade de Taubaté.
Rauston Naves/g1
Liberação para estudar
Gil Rugai pôde iniciar o curso de graduação em arquitetura em maio deste ano, após autorização do Superior Tribunal de Justiça.
No fim de março, o ministro Reynaldo Soares da Fonseca concedeu habeas corpus favorável a Gil e reverteu decisão do Tribunal de Justiça, que inicialmente havia negado o pedido da defesa.
A liberação para deixar o presídio se limita apenas ao horário das aulas, que acontecem no período noturno na faculdade Anhanguera, que fica em cidade vizinha a Tremembé. Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), a liberação é das 17h às 23h30.
Para frequentar as aulas, a Justiça determinou que ele use tornozeleira eletrônica e apresente mensalmente boletins que comprovem sua presença e desempenho no curso.
Luiz Rugai e Alessandra Troitino foram mortos em 2004 em São Paulo
Reprodução/Arquivo pessoal
O crime
A Polícia Civil e o MP acusaram o ex-seminarista de matar o pai e a madrasta a tiros depois que seu pai descobriu que o filho desviava dinheiro da empresa. Gil Rugai, que também trabalhava no local, sempre negou o crime.
Luiz Rugai foi baleado com seis tiros: um deles o atingiu nas costas e outro na nuca. Alessandra Troitino foi atingida por cinco disparos.
O crime foi cometido em 28 de março de 2004. O casal foi encontrado baleado e morto à época na sede da agência de publicidade que funcionava na casa onde morava em Perdizes, Zona Oeste da capital. Luiz tinha 40 anos de idade e Alessandra, 33. Rugai tinha 20 anos naquela ocasião.
Um júri de 2013 condenou Gil Rugai a 33 anos e nove meses de prisão pelos homicídios do pai e da madrasta.
Desde o crime, Gil Rugai já teve diversas entradas e saídas da prisão. Desde 2016, ele cumpre a pena na P2 de Tremembé. Em 2021, ele progrediu ao regime semiaberto, mas chegou a ter o benefício suspenso em abril do ano seguinte, o que conseguiu reverter na Justiça dois meses depois.
Luiz Carlos Rugai e sua mulher, Alessandra Fátima Troitiño, em imagem de arquivo
Reprodução/TV Globo
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