Duas baleias foram encontradas mortas em menos de 24 horas no Litoral Norte de São Paulo. Segundo especialistas, processo de ancoragem é menos custoso e diminui os impactos no turismo local, comparado ao enterro de baleias. Baleia foi encontrada morta na manhã desta quarta-feira (13), em Ubatuba, SP
Divulgação/Instituto Argonauta
Em menos de 24h, duas baleias foram encontradas mortas flutuando no mar, próximo a praias em Ubatuba e Ilhabela – ambas cidades localizadas no Litoral Norte de São Paulo.
Os animais, localizados pelo Instituto Argonauta, ainda não tiveram a espécie identificada e foram encontrados na quarta (13) e na quinta-feira (14), à deriva no mar.
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Para a retirada da carcaça em alto-mar, o Argonauta, que trabalha com a preservação da vida marinha, explicou que optou por uma maneira de dar fim aos dois animais encontrados mortos: realizar o processo de ancoragem, que consiste em ancorar (fixar) o animal em um local isolado no mar para que ele se decomponha naturalmente.
Baleia encontrada morta é levada para ancoragem no litoral norte de SP
Ao g1, a bióloga Carla Beatriz Barbosa, diretora-executiva do Instituto Argonauta, explicou o motivo da opção pela ancoragem das baleias encontradas no mar do litoral paulista.
“Quando encalha na praia, tem toda essa dinâmica de chamar maquinário, fazer a cova, que tem que ser bem funda para não contaminar a praia. Tudo isso tem um custo e uma despesa considerável, além do mau cheiro. Isso impacta diretamente no turismo”, disse.
“Quando o animal está na água, a ideia é que a gente consiga evitar todo esse trabalho: esse impacto para o turismo e o impacto financeiro também, resolvendo o problema antes dela encalhar na areia. Por estar na água, a gente consegue levar ele para uma costeira e lá fazemos o que a gente chama de ancorar a baleia”.
Segundo a especialista, em decomposição, a baleia se enche de ar e, na água, à deriva, pode ser um perigo aos navegantes – principalmente os tripulantes de pequenas embarcações.
“Um animal que está boiando na água, nesse primeiro estágio de decomposição, fica cheio de ar e, com isso, ele é levado facilmente pela correnteza. Isso é um perigo para a navegação, porque as embarcações, principalmente as pequenas, podem se chocar com as carcaças e isso é um perigo à vida das pessoas”, disse.
Baleia foi encontrada morta na manhã desta quarta-feira (13), em Ubatuba, SP
Divulgação/Instituto Argonauta
Processo e ciclo natural
Quando a baleia é encontrada morta em alto-mar pelo Instituto Argonauta, o órgão tenta localizar uma costeira desabitada mais próxima para deixar o animal. A ideia é que o animal siga a ciclagem natural, alimentando outros animais no oceano.
“A ideia é levar para uma costeira mais desabitada possível para poder fazer essa ancoragem e encalhar esse animal forçadamente para que ele possa seguir uma ciclagem natural dos nutrientes”, explicou.
“Outros animais se alimentam disso. Isso evita o transtorno físico e financeiro, além de manter a ciclagem de nutrientes. Também tira o problema da deriva das embarcações”, completou.
Baleia foi encontrada na manhã desta quinta-feira (14) em Ilhabela, SP
Divulgação/Instituto Argonauta
Nessas situações, o tempo de desaparecimento do animal depende muito da espécie e do estado de decomposição da baleia, a partir do momento que foi localizada. Em alguns casos, baleias desaparecem completamente em três a quatro semanas, mas, dependendo das condições, o tempo pode ser ainda maior.
Baleia foi encontrada em Ubatuba, no litoral norte de SP
Divulgação/Instituto Argonauta
Casos recentes
Nesta semana, duas baleias foram encontradas mortas em duas cidades do litoral de SP: Ubatuba e Ilhabela. Segundo o Argonauta, antes do aparecimento desses dois casos, o órgão só havia registrado uma baleia morta nas praias do litoral neste ano. Com isso, foram três aparecimentos dos mamíferos mortos na região em 2023.
O número, contudo, ainda é menor do que o registrado nos últimos anos. Em 2022, seis baleias foram encontradas mortas pelo Argonauta. Em 2021, o número foi maior: 15 baleias foram localizadas pelo Instituto.
Nesta semana, a primeira localização aconteceu na quarta-feira (13), em Ubatuba. Uma baleia de 12 metros de comprimento foi encontrada na Ilha Anchieta, próxima à Praia do Sul. Ela foi encontrada em estado avançado de decomposição e não teve a espécie identificada.
Um dia depois, na quinta (15), outra baleia foi encontrada na Praia da Ponta Azeda, em Ilhabela, durante a manhã. Ela também não teve a espécie identificada, mas tinha um tamanho um pouco menor do que a primeira: 10 metros de comprimento.
Em menos de 24h, segunda baleia é encontrada morta em praia no Litoral Norte de SP.
Divulgação/Argonauta
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