Conheça a pacata Arapeí, cidade com menos habitantes do Vale do Paraíba


O local é marcado pela tranquilidade e segurança, com moradores que têm confiança em dormir com a porta destrancada e alguns vivem em casas sem portões. Conheça a pacata Arapeí, cidade com menos habitantes do Vale do Paraíba.
Divulgação/Prefeitura
Com exatamente 2.330 moradores, Arapeí é a cidade com menos habitantes no Vale do Paraíba, de acordo com os primeiros dados do Censo 2022 que foi divulgado nesta quarta-feira (28), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Confira os dados de população de Arapeí
Com paisagens deslumbrantes, que dão o apelido de “oásis verde” e “caminho para o céu” para o município, Arapeí fica a 296 km da capital paulista e faz divisa com o Rio de Janeiro. O local é constituído por famílias tradicionais, que estão há décadas no município e vivem do turismo, do artesanato e da agropecuária.
Entrada de Arapeí SP
Danilo Sardinha/G1
Na área rural, a renda vem da produção leiteira e pelo manejo do gado de corte. Nas praças e residências, artesãos fazem peças de cerâmica, barbante e madeira, para vender nos finais de semana e feriados, para os turistas que visitam a cidade.
Mesmo com a veia turística como renda principal para o município, Arapeí tem apenas oito estabelecimentos de hospedagem, entre hotéis e pousadas, que somados oferecem 61 leitos.
Diárias a partir de R$ 60 são facilmente encontradas e no caso de hospedagens “luxuosas”, que são as pousadas com piscina, o valor mais caro encontrado beira os R$ 120.
Artesãs que confeccionam cestos de palha em Arapeí.
Divulgação/Prefeitura
No entanto, em meio a passeios de cachoeiras, ecoturismo e preços acessíveis para turistas, o que se destaca na pacata Arapeí é a segurança e a tranquilidade.
Em pleno 2023, a cidade tem moradores que confiam em dormir em casas com a porta destrancada, onde há residências sem portões, na base da confiança, já que todo mundo se conhece.
“Minha casa mesmo não tem portão, é a porta direto e a gente não tranca. Fica bem tranquilo, a gente sente segurança, sai, deixa a casa aberta, nunca teve problema. Eu cheguei a viajar por vários dias e deixar a casa destrancada. Todo mundo se conhece, pede para o vizinho tomar conta”, disse Carlos Alexandre Nicolino, diretor de turismo de Arapeí.
Produtor rural vendendo alimentos orgânicos em Arapeí.
Divulgação/Prefeitura
Mais do que uma sensação de segurança, a baixa criminalidade é estatística. De acordo com o levantamento da Secretaria de Segurança Pública, entre janeiro e maio de 2023 não foi registrado nenhum crime brutal em Arapeí. Não há registro de homicídio, tentativa de homicídio, latrocínio, estupro ou roubo.
Segundo a SSP, em 2023, Arapeí registrou apenas quatro furtos, cinco lesões corporais intencionais e houve três casos de acidentes de trânsito que resultaram em pessoas feridas.
Arapeí
Reprodução/ Câmara de Arapeí
Desafios de viver no paraíso
Apesar de parecer um sonho viver em Arapeí, os moradores, assim como em qualquer cidade, enfrentam alguns desafios. Enquanto grande parte dos municípios paulistas têm universidades e centros médicos de ponta, os arapeienses precisam viajar para fazer alguns procedimentos médicos ou mesmo para poder estudar.
O diretor de turismo de Arapeí, Carlos Nicolino, de 24 anos, é uma das cerca de 60 pessoas que diariamente precisam viajar para municípios do Rio de Janeiro para cursar o ensino superior.
Para chegar na aula que começa às 19h, ele e os colegas precisam sair da cidade por volta das 16h30, mas contam com o apoio da prefeitura, que fornece o transporte gratuito para Volta Redonda, Resende, Barra Mansa e cidades dos arredores. São cerca de 5h de estrada diariamente, para realizar o sonho de ter o diploma de ensino superior.
Além do desgaste na estrada, as opções de escolha sobre a graduação também ficam limitadas, já que poucos cursos são oferecidos nas proximidades.
“A gente fica vinculado a escolher graduação que tenha nesses municípios. Para turismo não tem por perto, só para outras cidades maiores. Eu estou cursando direito, tenho alguns colegas cursando enfermagem. A gente tenta fazer uma graduação que possa ser útil para a cidade. Fazendo direito, tenho focado em aprender também questões relacionadas à legislação ambiental e de turismo”, afirmou Carlos.
Já para passar por médicos especialistas e fazer exames mais complexos, os moradores precisam viajar para a cidade de Cruzeiro, Lorena ou até São José dos Campos. Nesses casos a prefeitura também fornece o transporte gratuito e um lanche, para que o paciente possa enfrentar as horas na estrada.
Cachoeira da Usina em Arapeí.
Divulgação/Prefeitura
Qualidade de vida
Vivendo em uma comunidade onde todos se conhecem, todas as crianças estudam juntas, há confiança para brincar na rua, sentar na praça para conversar, quase não há criminalidade e as casas são cercadas por uma vasta área de natureza, a qualidade de vida acaba sendo um atrativo e novos vizinhos têm se instalado no local.
“A gente sente que o número de pessoas de outros municípios vindo pra cá tem crescido. Tem bairro rural que está regularizando, é bem grande, terreno barato, qualidade de vida boa, por isso tem gente migrando para a cidade. Por causa do emprego, quem vem pra cá faz o trabalho remotamente”, contou.
“Hoje as pessoas da grande cidades procuram Arapeí por ser um refúgio, cidade pacata, com pessoas com 60 anos que nunca saíram do município. Só saem por médicos, em busca de trabalho ou estudo”, completou.
Conheça a pacata Arapeí, cidade com menos habitantes do Vale do Paraíba.
Reprodução/Caminhos do Vale
Igreja Matriz de Arapeí.
Reprodução/Street View
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