O crime aconteceu em setembro de 2022. Na data, o homem era casado com Magda Faria e a espancou brutalmente, até que a vítima precisou fingir estar morta para conseguir sobreviver. ‘Só sobrevivi porque fingi estar morta’, diz professora que foi espancada pelo marido em Jacareí em 2022.
Arquivo pessoal
O Tribunal de Justiça determinou que o homem acusado de agredir a professora Magda Faria, que na época era companheira dele e precisou fingir estar morta para que ele parasse de agredi-la, vá a júri popular. A decisão é desta segunda-feira (11) e ocorre cerca de um ano após o crime brutal que teve repercussão nacional.
Na decisão, a juíza destacou que o crime ocorreu por questões de gênero, se classificando como tentativa de feminicidio; relembrou que as agressões foram realizadas na frente do filho da vítima e ponderou que a mulher só sobreviveu por circunstâncias que fugiram do controle do agressor, já que a professora conseguiu pedir ajuda a vizinhos.
Ainda na decisão, a juíza apontou que “há indícios suficientes de autoria para determinar o julgamento do réu pelo Tribunal do Júri, órgão constitucionalmente competente para apreciação da questão”.
Dessa forma, Thiago Martins Faria vai responder por tentativa de feminicídio, que é quando a violência praticada contra a mulher tem motivação por razões da condição de gênero.
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No documento, além de determinar a realização do júri, a juíza renovou o pedido de prisão do homem, negando que o réu possa estar em liberdade até o julgamento. O júri popular ainda não tem data para ser realizado.
Thiago Martins Faria está foragido da Justiça pela violência que é acusado de cometer contra Magda, mas também por descumprir as regras do regime aberto.
O g1 tenta contato com a defesa de Thiago. A matéria será atualizada caso o advogado ou o réu se pronuncie.
Imagens Fortes
Reprodução
‘Só sobrevivi porque fingi estar morta’, diz professora que foi espancada pelo marido em Jacareí.
Arquivo pessoal
O caso
Magda foi espancada no dia 4 de setembro de 2022, na própria casa em Jacareí e na frente do filho, que na época tinha de sete anos. Ela conta que era casada há 10 anos, quando o homem acordou desnorteado e a agrediu.
Ainda segundo a vítima, ela pediu diversas vezes para ele parar com os golpes e tentou fugir dele, mas não conseguiu. “Eu tentei tirar ele de cima de mim, mas não conseguia. Ele me jogou no chão e me espancou, esmurrando meu rosto e minha cabeça sem parar. O tempo todo ele falava que iria me matar e não parava com as agressões”, narrou na época ao g1.
Sem conseguir se defender e temendo não sobreviver, a mulher decidiu fingir que estava morta, para ver se o homem parava com os ataques.
“Eu prendi a respiração e fiquei sem me mexer, só recebendo os socos. Ele achou que eu tivesse morrido, então parou com as agressões e foi para o quarto voltar a dormir. Quando percebi que ele realmente estava dormindo, com muito esforço consegui me levantar do chão e pedir ajuda para os vizinhos”, disse.
‘Não foi lesão corporal, foi tentativa de feminicídio’, diz professora espancada pelo marido em Jacareí.
Reprodução/TV Globo
Sequelas e busca por justiça
Magda ficou com várias sequelas físicas e emocionais após a violência, perdeu a sensibilidade do lado direito do rosto, as lesões incharam o rosto dela a ponto de não conseguir abrir os olhos e passado mais de um ano das agressões, ela ainda sofre com dores pelo corpo.
O caso foi registrado pela Polícia Civil e uma medida protetiva foi expedida, que proíbe o homem de ficar a menos de 100 metros de Magda. Com o homem foragido, a professora não se sente segura e teme novas agressões, por isso vive uma vida discreta, escondida e sendo monitorada por agentes de segurança.
O caso foi revelado pelo g1 em setembro de 2022 e ganhou repercussão nacional após a vítima denunciar o crime, pedir por justiça e mostrar as sequelas físicas severas que teve após as agressões.
Além de dores de cabeça, Magda conta que ainda não consegue enxergar muito com o olho direito e perdeu a sensibilidade no rosto.
O homem fugiu após as agressões e está sendo procurado pela polícia. Magda conta que se sente insegura com ele nas ruas e que acredita que só vai conseguir recomeçar quando ele for preso. Aos poucos, tenta retomar uma vida normal.
“A minha vida de antes não consigo retomar. Ainda tenho bastante medo, mas minha luta é para que a justiça seja feita. A gente sente medo, mas não pode se calar. Estou esperançosa que seja feita a justiça, que ele pague pelo que fez, que seja condenado e capturado pela polícia. Só assim eu e meu filho vamos voltar a viver”, afirmou.
Sobrevivente de violência brutal, professora Magda Faria foi homenageada pela coragem de denunciar o agressor.
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