Júri aconteceu seis anos após o assassinato da vendedora Jaqueline Barros. Testemunhas, os três réus e policiais foram ouvidos. Júri será retomado nesta quarta-feira (13). Jaqueline Barros foi morta no trabalho em São José dos Campos
Arquivo pessoal
Após cerca de 9 horas, o primeiro dia de julgamento do médico Gustavo André da Costa de Sá, acusado de mandar matar a ex-esposa Jaqueline Barros em 2017, foi encerrado na noite desta terça-feira (12) no Fórum de São José dos Campos.
O júri popular prossegue na quarta-feira (13), logo no início da manhã, por volta das 9h. Segundo o Tribunal de Justiça, haverá debates e a sentença deve ser conhecida até o fim do dia.
No primeiro dia do julgamento do médico Gustavo André Costa de Sá, da enfermeira Camila Faria Minamissawa (que era companheira de Gustavo na época do assassinato) e da Jéssica Cristina Viana – os três são acusados de serem os mentores do crime – o júri teve início com atraso, às 9h40. Os trabalhos foram suspensos às 19h25.
O júri é formado por duas mulheres e cinco homens. Das 14 testemunhas convocadas inicialmente, foram ouvidas dez e também foi realizado o interrogatório dos réus.
O depoimento mais marcante do dia foi o da ré Jéssica, que confessou ter feito a ponte entre Gustavo e o assassino. Ela contou ainda que acompanhou o atirador até São José dos Campos no dia da morte de Jaqueline.
Jéssica confessou a participação no crime, narrando ter recebido uma oferta de dinheiro por parte de Gustavo e Camila, para indicar uma pessoa para matar Jaqueline.
“Eu estava no mercadinho onde trabalhava, quando Gustavo falou pra mim que precisava de alguém para acabar com a mulher dele que estava dando trabalho. Ele daria R$ 2 mil para mim e R$ 5 mil para quem atirasse (em Jaqueline). Eu aceitei, queria uma vida melhor. Falei para minha prima e ela conversou com o primo dela que aceitou (assassinar Jaqueline)”, disse Jéssica.
Jessica prestou todo depoimento chorando. Questionada sobre o choro pelo juiz, ela respondeu: “Eu estou arrependida do fundo da alma, eu nunca deveria ter feito isso, eu nunca deveria ter conhecido a Camila e o Gustavo, eu perdi meu filho, minha liberdade”.
Ainda segundo o depoimento de Jéssica, Gustavo que negociou e pediu o crime, porém, segundo ela, foi a enfermeira Camila quem enviou uma foto de Jaqueline para mostrar quem era o alvo, tendo também participação no crime.
Por fim, a ré Jessica confessou que foi com a prima e o atirador em frente à loja onde Jaqueline trabalha, reconheceram a vítima e em seguida o atirador entrou para assassinar a jovem. Depois, os três fugiram.
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Outros depoimentos
Prestaram depoimento também familiares de Jaqueline Barros e ex-colegas de trabalho, que relataram como após o término com Gustavo a vida da vítima ficou conturbada, com Jaqueline passando a ter medo até de sair sozinha.
Outros dois homens foram ouvidos, sendo uma testemunha que passou na rua no momento do crime e um ex-vizinho. O quinto a prestar depoimento foi o delegado Darci Ribeiro, que hoje é aposentado, mas liderou as investigações na época do crime.
Após a pausa para almoço, o período da tarde foi marcado por depoimentos de policiais civis e testemunhas de defesa de Jéssica.
Fabrizio Silano, policial civil que participou das investigações e prisões dos envolvidos, foi o primeiro a ser ouvido no período da tarde. Ele contou que descobriu durante a investigação que o médico Gustavo teria prometido pagar R$ 7 mil pela morte da ex, sendo R$ 2 mil para a ré Jessica, que teria indicado o assassino, e os outros R$ 5 mil para o assassino e a mulher dele.
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O médico Gustavo falou por pouco mais de 1h, tentando desqualificar a ex. Sem apresentar provas, disse que ela era usuária de drogas e que pode ter sido assassinada por traficantes. Essa tese foi descartada pela promotoria quando ofereceu a denúncia.
Já a ré Camila não respondeu aos questionamentos, disse não se lembrar dos fatos por conta do tempo que se passou.
O juiz ainda exibiu as mensagens trocadas entre ela e o policial, na qual ela teria pedido ajuda para forjar que houve um tráfico de drogas envolvendo a Jaqueline. Mesmo com a exibição das imagens das mensagens, Camila preferiu ficar em silêncio.
O que dizem os envolvidos
O g1 tenta contato com os advogados dos três réus. A matéria será atualizada caso eles se manifestem.
Procurado pela reportagem nesta segunda-feira (11), o advogado que representa Gustavo se limitou a dizer que o cliente era inocente. Já o advogado de Camila argumentou durante o primeiro dia de júri que ela não participou do planejamento do crime.
Loja onde a vendedora foi morta a tiros
Divulgação/DIG
Crime
O crime aconteceu no dia 8 e maio de 2017 na loja em que a vítima trabalhava. Um homem entrou se passando por cliente, caminhou em direção a Jaqueline e disparou três vezes. Dois dos tiros atingiram o rosto da vítima, que não resistiu e morreu. O atirador e a companheira foram identificados por uma câmera de segurança próxima ao local e presos três meses depois.
À polícia, eles confessaram que o crime havia sido encomendado por Gustavo por R$ 7 mil. Uma semana depois, a polícia encontrou no telhado da casa dele a arma usada no crime e o médico foi preso. Cerca de um mês depois, no entanto, foi posto em liberdade. Desde então, o médico interpõe recursos na Justiça tentando evitar o julgamento.
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Para a polícia, Jaqueline foi morta por causa de uma disputa judicial em um processo de divórcio. A vítima era dependente financeira do marido e havia conseguido uma pensão alimentícia. A dívida do médico com a vítima era de R$ 30 mil.
A polícia confirmou a participação do ex-marido de Jaqueline e de uma companheira dele depois de encontrar a arma usada para o crime em cima do telhado da casa do casal, em São José dos campos. Outro indício foi um comprovante de depósito bancário feito da conta do médico para a da avó de uma das suspeitas.
No dia do assassinato, o ex-marido de Jaqueline foi baleado horas após o crime. Ele deu entrada em um hospital de São José dos Campos com um tiro na virilha. À polícia, ele contou que reagiu a um assalto e foi baleado pelos criminosos.
Polícia encontrou arma no telhado da casa de ex-marido suspeito de encomendar morte de vendedora em São José
Divulgação/DIG
Executores foram condenados
Os executores do crime foram condenados pela Justiça em 2020. Maycon Wesley da Silva de Jesus foi condenado a 26 anos de prisão por ter matado a tiros a vendedora. A companheira dele, Ana Claudia de Costa Lima foi condenada a 20 anos no regime fechado.
Ambos foram sentenciados pela morte da vendedora com os agravantes de crime encomendado e mediante recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima. Eles fugiram para Curitiba (PR) após o crime, mas acabaram presos.
Os condenados são de Campos do Jordão e foram buscados na cidade pelo ex-marido de Jaqueline. No dia do crime, Ana Claudia teria ido até a loja, junto com a mulher que a indicou para o crime, para se certificar que Jaqueline estaria no local antes de Maycon entrar e balear a vítima.
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