Moradores estiveram no local nesta quarta-feira (20) e questionaram a falta de documentação para a demolição das moradias. Casas demolidas na Vila Sahy, em São Sebastião, SP
Graciano Filho/Arquivo pessoal
O Governo de SP anunciou que vai demolir 390 casas atingidas pelas chuvas em fevereiro deste ano no bairro Vila Sahy, em São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo. As demolições tiveram início nesta quarta-feira (20), mas moradores estiveram no local questionaram a falta de documentação para a destruição das moradias.
De acordo com o governo estadual, haverá a remoção de casas previamente interditadas e condenadas pela Defesa Civil, totalizando 390 imóveis de famílias já cadastradas pela CDHU. Ainda segundo o governo, o prazo para conclusão das demolições é até 30 de novembro.
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“A permanência de casas que desabaram ou foram parcialmente destruídas no local representa perigo iminente à população, já que esses materiais soltos podem ser arrastados em caso de novas chuvas. Após os eventos de fevereiro, um amplo estudo geológico do solo, da estabilidade das estruturas, da capacidade de drenagem e do histórico de movimentações de terra na região foi iniciado com o objetivo de propor uma solução habitacional definitiva e segura à população”, disse o Estado, em nota.
Segundo o governo, 518 casas estão sendo construídas no bairro Baleia Verde para abrigar quem perdeu a moradia na tragédia, além de outras 186 em Maresias. A previsão é que haja ainda outras 256 moradias na Topolância e um empreendimento com 400 unidades no Camburi.
Durante as demolições e à medida que os projetos das obras avancem em novas fases, o governo estadual afirmou que a CDHU deve realizar reuniões com os moradores para informar as ações destinadas ou a necessidade de novas demolições.
Moradores reclamam
Alguns moradores estiveram na Vila Sahy na tarde desta quarta-feira (26) e reclamaram do modo como estão demolindo as casas. Segundo os moradores, algumas máquinas já operaram nesta quarta-feira. A principal reclamação é a falta de documento para a execução do serviço.
O Josimar Nascimento é caseiro e mora na Vila Sahy há 26 anos. De acordo com o morador, derrubaram a casa dele sem nenhum tipo de autorização.
“Vieram e derrubaram a casa sem ordem judicial. Eles alegam que quem foi para Bertioga, eles tinham o direito de derrubar o que ficou em pé das casas. Não tem papel, nenhum documento”, reclamou.
Já o Elmo Teixeira de Oliveira, que trabalha como construtor, afirmou que, se depender dele, a casa não será demolida.
“Eles querem derrubar minha casa sem laudo, sem documento. A única coisa que querem dar para nós aqui é um apartamento que custa R$ 300 para nós pagarmos. Minha casa não vão derrubar sem laudo, sem mandado. Não podem derrubar as casas sem documentos. Nós não vamos deixar derrubar”, externou.
Outro morador que reclamou da ação do governo foi o Lício Mota da Silva, que mora no Sahy desde a década de 1990. Segundo ele, há um laudo da Defensoria Pública negando a demolição da casa onde ele mora.
“Minha casa está de pé. Caiu pouca coisa da área da lavanderia, mas eles colocaram minha casa na ‘área vermelha’, para demolir. Eu lutei, tenho um laudo da Defensoria Pública dizendo que a minha casa não está em risco. Aqui vai a nossa indignação: cadê o nosso direito de moradia? Estamos sendo roubados, porque querem derrubar a nossa moradia e não querem nos indenizar”, desabafou o ambulante.
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