Ministério Público diz que vai recorrer da decisão de soltura de Anna Carolina Jatobá


Anna Carolina Jatobá estava presa em Tremembé (SP) desde 2008, pela morte da enteada Isabella Nardoni, de apenas cinco anos, que morreu após ser jogada de um prédio em SP. Anna Carolina Jatobá deixa penitenciária após progressão para regime aberto
O Ministério Público informou que vai recorrer da decisão que determinou a soltura de Anna Carolina Jatobá. Ela conseguiu progressão de pena e foi solta na noite desta terça-feira (20), em Tremembé (SP).
De acordo com o MP, a defesa de Jatobá fez o pedido de progressão de pena e durante o processo o juiz da Vara de Execuções Penais exigiu a realização de um teste psicológico, chamado de Rorschach, popularmente conhecido como “teste do borrão de tinta”.
No entanto, a defesa de Jatobá recorreu ao STJ e a Procuradoria-Geral da República concordou com a dispensa do teste de Rorschach. Menos de um mês depois, a juíza Márcia Domingues de Castro, da 2ª Vara de Execuções Criminais de Taubaté, assinou a decisão que concedeu progressão para o regime aberto.
O alvará já foi cumprido e Anna Carolina Jatobá estava liberada desde às 18h desta terça-feira (20). Após aguardar a chegada de familiares, ela foi solta e deixou o presídio às 19h45. Equipes da TV Vanguarda fizeram imagens exclusivas que mostram a saída dela (veja acima).
O Ministério Público, por meio do promotor criminal Paulo José de Palma, de Taubaté, informou que vai recorrer da decisão da Justiça. O órgão deve aguardar ser notificado, para dar andamento no processo.
Anna Jatobá deixa presídio após conseguir progressão para o regime aberto.
Reprodução/TV Vanguarda
Jatobá solta
Anna Carolina Jatobá, presa desde 2008 pela morte da enteada Isabella Nardoni, foi solta na noite desta terça-feira (20), após a Justiça conceder progressão para o regime aberto (entenda mais abaixo). Ela cumpria pena há 15 anos e, atualmente, estava em um presídio em Tremembé, no interior de São Paulo.
Com a decisão, Jatobá deixou a Penitenciária Feminina I Santa Maria Eufrásia Pelletier, a P1, em Tremembé. Jatobá progrediu ao regime semiaberto em 2017 e, desde então, era beneficiada com as saidinhas temporárias. As atividades fora do presídio, no entanto, eram discretas e raramente ela era vista nas ruas.
O g1 entrou em contato a defesa de Anna Carolina Jatobá. A princípio, o advogado preferiu não se manifestar sobre o caso, mas no final da noite disse ao portal que a soltura dela era “natural que acontecesse” e que “não foi uma surpresa”.
O g1 também acionou o Tribunal de Justiça, que não forneceu informações sobre a soltura de Jatobá, afirmando que o caso corre em segredo de Justiça. “O processo de execução da pena da Anna Carolina Jatobá tramita em segredo de justiça. Por isso, não podemos fornecer mais informações sobre o caso”, disse.
Anna Carolina Jatobá é solta após Justiça conceder progressão para o regime aberto.
Rauston Naves/g1
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Imagem de arquivo – Anna Carolina Jatobá, condenada pela morte da enteada Isabela Nardoni, em saidinha temporária em 2019.
Poliana Casemiro/ G1
Regime aberto
No regime aberto, o condenado cumpre pena fora da prisão e pode trabalhar durante o dia. À noite, deve se recolher em endereço autorizado pela Justiça.
A legislação determina que o preso se recolha no período noturno em uma casa de albergado – modelo prisional que abriga presos que estão no mesmo regime -, mas o Estado de São Paulo não dispõe desse tipo de unidade prisional. Por isso, na prática, os presos vão para casa.
Para não perder o benefício, o condenado precisa seguir algumas regras, como:
permanecer no endereço que for designado durante o repouso e nos dias de folga;
cumprir os horários combinados para ir e voltar do trabalho;
não pode se ausentar da cidade onde reside sem autorização judicial;
quando determinado, deve comparecer em juízo, para informar e justificar suas atividades.
Mesmo seguindo essas condições básicas, o juiz pode estabelecer outras condições especiais, de acordo com cada caso.
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Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo/Arquivo e Luiza Veneziani/g1/Arquivo
Crime
Anna Carolina e Alexandre Nardoni foram condenados pelo assassinato de Isabella Nardoni em março de 2010, mas estavam presos desde 2008. O caso aconteceu na noite do dia 29 de março de 2008, quando a menina de apenas cinco anos foi jogada pelo pai e pela madrasta da janela de um apartamento na capital.
Isabella caiu do sexto andar do apartamento onde morava o casal Nardoni, no Edifício London. Para a investigação, porém, não foi uma queda acidental, mas sim um homicídio. A menina foi agredida e, achando que estava morta, foi arremessada.
O pai foi condenado a mais de 30 anos de cadeia e a madrasta a 26 anos de prisão, cumprindo pena na Penitenciária Santa Maria Eufrásia Pelletier, a P1 feminina de Tremembé (SP).
Anna Carolina Jatobá
Victor Moriyama/G1
Jatobá trabalhou como costureira na penitenciária no interior de São Paulo e conseguiu reduzir a pena. Em 2017, ela progrediu ao regime semiaberto e, desde então, era beneficiada com as saidinhas temporárias.
À época, quando foi submetida a testes para progressão do regime, Jatobá afirmou ser inocente e disse desejar que a verdade sobre o caso apareça.
Disse também planejar após ter a liberdade definitiva buscar apoio dos familiares, manter o relacionamento com o marido Alexandre Nardoni, fazer um curso de moda e abrir um ateliê de costura.
Pai e madrasta de Isabella Nardoni foram condenados pela morte dela em 2008.
reprodução TV Globo
Caso Isabella
Em 29 de março de 2008, Isabella, foi jogada da janela do apartamento do casal, no sexto andar de um prédio no bairro do Carandiru, na Zona Norte de São Paulo. Os condenados negam o crime. Eles alegam que uma outra pessoa entrou na residência e matou a criança.
A acusação se baseou em provas periciais produzidas pela Polícia Civil. Para o Ministério Público, Anna Jatobá esganou Isabella Nardoni e Alexandre jogou o corpo da filha pela janela. Antes, o casal teria cortado uma tela de proteção do apartamento.
Imagem de arquivo – Anna Carolina Jatobá deixando penitenciária para saidinha em Tremembé em 2019.
Luiza Veneziani/G1
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